Dois
jovens de 16 anos, moradores do município de Conceição do Coité, no
semiárido baiano, desenvolveram um dispositivo que inviabiliza o
acionamento de motos sem
uso de capacete. Os autores do projeto são Marcelo Oliveira Pinto e
Poliana Mascarenhas, ambos estudantes do Colégio Estadual Polivalente.
Ele cursa o primeiro ano do ensino médio, ela o segundo.
Em
entrevista o G1, Marcelo Oliveira detalhou que o dispositivo foi
idealizado após um colega de escola ter sofrido um acidente de moto e
ficado quase um mês em coma. “O acidente ocorreu em 2014 e, até hoje,
ele não se lembra de algumas de coisas e, às vezes, apresenta uns
problemas na fala”, fala sobre as sequelas. O jovem ferido na queda
estava sem capacete e bateu a cabeça no chão.
Diante
da queda do amigo, Marcelo relata que professores e alunos da escola
iniciaram uma série de pesquisas a fim de identificar a existência de
dispositivos que impedissem o acionamento de motos sem capacete.
“Inicialmente, não achamos. Eu e Poliana [amiga] seguimos em frente com
as pesquisas e, em quatro dias, encontramos uma solução”, revela.
Marcelo
detalha que montou um equipamento que é encaixado na ignição da moto e
dentro do capacete, que são interligados via transmissão de rádio.
“Quando a pessoa coloca o capacete, um botão é acionado permitindo que a
moto seja ligada. Caso contrário, ela não liga”, explica.
O
jovem cientista não revela os materiais usados no dispositivo. Para
evitar que a ideia seja copiada, inclusive, o projeto foi registrado no
fórum do município de Conceição do Coité. Marcelo conta, apenas, que
acopla um protótipo interligado por fios na ignição da moto e que esse
dispositivo se conecta via transmissão de rádio a um botão colocado
dentro do capacete. Ao se colocar o capacete, o botão é acionado
possibilitando que a moto seja acionada. Se o botão não for pressionado,
a ignição do veículo fica travada.
Por
causa da ideia, Marcelo e Poliana foram premiados na Feira de Ciências
da Bahia (Feciba), em outubro de 2014. Em maio deste ano, os jovens
também apresentaram o projeto no Movimento Internacional para o Recreio
Científico e Técnico (Milset), em Fortaleza. No evento, a ideia foi
classificada para a Mostratec, uma feira de ciência e tecnologia
realizada anualmente na cidade de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. O
evento ocorre entre os dias 26 a 30 de outubro 2015 e reúne jovens
cientistas de todo Brasil, como também de outros países.
Poliana
Mascarenhas, uma das criadoras do dispositivo, detalha que o projeto
foi concluído em quatro dias. "Foi muito rápido e supreendeu a todos.
Fomos premiados na Feciba e o Estado acabou custeando a nossa ida para a
Milset Brasil, que uma grande feira internacional. Esperamos ir além",
revelou.
Orientadora
do projeto, a professora Tereza Cristina Mascarenhas, que atua há 33
anos no Colégio Polivalente, contou ao G1 que a ideia do dispositivo foi
apresentada pelo alunos durante reuniões para realização da Feira de
Ciências da própria unidade escolar. "Após o acidente do colega, eles
mesmos se mobilizaram e trouxeram a proposta. Todos os testes
funcionaram e agora queremos ver o projeto ganhar o mundo", conta.
A
professora Tereza Cristina diz que a escola agora tenta angariar as
verbas para viabilizar a ida dos alunos para o Rio Grande Sul. "Os
alunos precisam das passagens, hospedagem, como também do acompanhamento
de um tutor da escola, já que eles são menores de idade e estão
representando a instituição", detalha.
Tereza
Cristina avalia que houve um coesão entre os trabalhos de Marcelo
Oliveira e Poliana Mascarenhas. "Ele tem uma excelente habilidade
técnica. Ela tem uma habilidade teórica. Foi um trabalho que casou muito
bem", se orgulha. Para a professora, o sucesso dos alunos releva a
importância das instituições de ensino investirem em pesquisas
científicas.
Na
expectativa de ver a ideia ganhar o mundo, Marcelo espera ter apoio de
alguma empresa para produzir o dispositivo em série. “Esse projeto é
como se fosse um embrião. Já registramos a ideia, mas ainda não
apresentamos a nenhuma empresa. Esperamos que projeto vá em frente e
ajude a salvar vidas”, almeja.
Fonte: G1 via Cidade News
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