segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Pesquisa da UFRN comprova que o uso excessivo de café e bebidas energéticas pode prejudicar a aprendizagem


Pesquisa desenvolvida na Pós-graduação em Psicobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) comprovou que o uso excessivo de café e bebidas energéticas pode prejudicar a aprendizagem. O estudo intitulado “Irish coffee: Efeitos do álcool e cafeína para o reconhecimento”, é desenvolvido pela bióloga Luana Carla dos Santos com a orientação da Professora Ana Carolina Luchiari.

De acordo com Luana Santos, muitos estudos investigam o consumo de álcool, mas poucos analisam os efeitos da cafeína e do álcool combinados, mesmo esta combinação sendo tão comum entre os jovens. “Foi a partir dessa observação que nossa pesquisa teve inicio, a fim de entendermos que doses de álcool e cafeína podem ser usadas sem prejuízos e quais doses podem trazer malefícios para a saúde” destaca Luana Santos.

Para investigar essas drogas, foi usado um peixe bastante comum em estudos com visibilidade para tratamento em humanos, e que tem recebido grande atenção dos pesquisadores por ter muita semelhança com os sistemas biológicos humanos.

“O peixe paulistinha, usado em nossos testes, apresenta grandes semelhanças genéticas e comportamentais com os seres humanos e, por serem animais de baixo custo de manutenção e curto ciclo de vida, são modelos importantes para a pesquisa. Assim, o estudo com o peixe pode ser futuramente ampliado e aplicado em mamíferos e pode favorecer o entendimento da ação das drogas em humanos” diz a pesquisadora.  

Método

No estudo, foram observados os efeitos do álcool e cafeína sobre a aprendizagem do peixe paulistinha, em um teste de reconhecimento de objetos no qual o animal deve saber identificar um objeto novo após ter tido contato com alguns outros objetos. “Este protocolo trás informações relevantes pois avalia a formação de memoria de um evento de apresentação curta, muito mais fácil de ser perdida quando o individuo esta fazendo uso de drogas” destaca Luana.

“Apos os testes com os animais, observamos que aqueles que ingeriram álcool uma única vez e os animais que estavam em abstinência de álcool ou de cafeína não conseguiram realizar o teste, ou seja, não formaram memória. Quando os peixes receberam a combinação de álcool e cafeína em dose moderada, mostraram formação de memoria. Mas a dose alta de cafeína unida ao uso de álcool não foi eficiente para o animal formar memoria” diz.

Resultados

Segundo Luana, no resultado foi comprovado os efeitos negativos do uso do álcool na aprendizagem, e sugere que o uso contínuo de altas doses de cafeína possa causam efeitos negativos durante a abstinência. No entanto, o uso moderado da cafeína parece diminuir os efeitos nocivos da ausência do álcool, permitindo ao peixe paulistinha concluir de forma eficaz a tarefa.

“Mostramos que o peixe paulistinha é um ótimo modelo para estudos de aprendizagem e memoria, e alertamos para o consumo de álcool indiscriminado e para o uso desta droga em associação com altas doses de cafeína (como em energéticos associados a bebidas destiladas), que pode trazer prejuízos cognitivos a curto e longo prazo” conclui a pesquisadora.

O estudo é parte da dissertação de mestrado de Luana Santos e foi desenvolvido no “Luchiari Lab”, com orientação da Professora Ana Carolina Luchiari, vice coordenadora do Programa de Pós-graduação em Psicobiologia da UFRN.

Via Icem Caraúbas

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